Grupos de apoio à adoção promovem conscientização

Formados, em geral, por iniciativa de pais adotivos, os grupos de apoio à adoção desempenham importante papel no esforço de aumentar a conscientização da sociedade sobre a questão, principalmente sobre as adoções mais necessárias (crianças mais velhas, com necessidades especiais e inter-raciais). A associação nacional, criada há 12 anos, reúne mais de 120 entidades em 19 estados e no Distrito Federal, empenhadas em um trabalho voluntário para prevenir o abandono, preparar adotantes, acompanhar pais adotivos e encaminhar crianças para a ­adoção.

O trabalho dos grupos de adoção não deve ser confundido com a atuação de agências privadas tão comuns em países como os Estados Unidos, Itália, França e Canadá, onde as agências fazem a intermediação entre pais e crianças, inclusive mediante o pagamento de taxas. Os grupos organizam cursos e investem na preparação e no acompanhamento pós-adoção das famílias e das crianças e adolescentes. Palestras públicas são usadas para apresentar e discutir temas relacionados à convivência familiar e comunitária, além da essencial troca de experiências entre quem já adotou e quem está na fila.

Sandra Amaral, presidente do grupo de apoio à adoção De Volta pra Casa, com sede em ­Divinópolis (MG), resumiu aos senadores, durante a audiência pública, a meta de organizações como a dela. O princípio é seguir o espírito da lei, onde a prioridade é manter a criança na família biológica, enquanto a adoção é o recurso final. “Os grupos de apoio à adoção estão no último estágio, quando não há mais jeito. Lutamos por aquilo que não tem mais volta, que não tem mais recurso.”

Em regra, relata Sandra, quando as pessoas recorrem aos grupos estão “afoitos”, pois já esgotaram todas as tentativas de ter um filho biológico.
“Chegam [na vara de Infância] e pedem uma criança com perfil parecido ao deles, o que é normal. Não estão preparados, não sabem o que é adoção. Acham que vão encontrar alguém igual a eles. Quando chegam até nós, mudam muito o perfil, porque começam a entender o que é uma adoção. Adoção é procurar um filho que precisa muito de uma família. Então, se dá um encontro: eu quero muito um filho e a criança precisa muito de uma família. Os grupos promovem esse encontro”, explica Sandra.

Compartilhamento
“A proposta do grupo de apoio é que se possa criar uma metodologia em que os processos de adoção sejam trabalhados de uma forma compartilhada, não só ­saindo do gabinete do juiz e indo para o gabinete do Ministério Público e para a sala da equipe técnica de adoção. Que a gente possa, de alguma forma, compartilhar”, explica Fabiana Gadelha, do Núcleo Jurídico do grupo Aconchego.
Gadelha lembrou, durante os debates na CDH do Senado, que existem importantes componentes psicológicos a serem avaliados no processo de adoção, por isso a ênfase dada na conscientização dos que buscam um filho adotivo.
“O papel do grupo é amadurecer o postulante, para que ele possa refletir que pode estar preparado para adotar uma criança com deficiência. Se, no caso, adotar uma criança saudável e se, ao longo do tempo, adquirir uma ­deficiência, poderá estar preparado também para assumir isso, como qualquer pai e qualquer mãe assumem a condição de vida do filho.”

Contra preconceitos
Janete Oliveira, do grupo de apoio à adoção De Volta pra Casa, também destaca o esforço de entidades como a dela na mudança da cultura da adoção no país, como a tradição, seguida por muitos pais adotivos, de esconderem o fato dos próprios filhos. Todo filho tem que saber a ­origem da própria família de todas as formas, defende Janete.

Ela diz que ainda há também muita desinformação e até preconceitos quanto ao papel desempenhado pelos grupos de adoção. “Não estamos lutando por mães que não podem ter filhos. Pelo contrário. Vários de nós, que temos filhos adotivos, somos também pais biológicos. Não somos pessoas irracionais e sem coração, não queremos tirar filho de família nenhuma para dar para outra família que não conseguiu ser pai e mãe. Pelo contrário, a criança, em primeiro lugar, deve permanecer com o seu familiar natural, deve permanecer com seus pais biológicos”, reitera a ­representante dos pais adotivos.

Precisamos nos conscientizar que não podemos deixar as crianças sem voz. Nós, do grupo de adoção, não somos a voz das famílias que querem adotar, somos a voz das crianças que precisam ser adotadas. Os grupos de adoção são apenas vozes de pessoas que não podem falar por si.

Fonte: https://www.senado.gov.br/noticias/Jornal/emdiscussao/adocao/realidade-brasileira-sobre-adocao/grupos-de-apoio-a-adocao-promovem-conscientizacao.aspx

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